“MAIS DO QUE CIDADES INTELIGENTES FALTA-NOS INTELIGÊNCIA NAS CIDADES”

18-11-2021

Hoje, fala-se muito nas Smart Cities, mas esquece-se que a tecnologia não pode ser um fim, mas sim o meio. As cidades inteligentes têm imposições que superam a eficiência, a mobilidade e a sustentabilidade, e mesmo as plataformas digitais. Falamos das pessoas! É preciso criar valor para fixar!

Hoje, fala-se muito nas Smart Cities, mas esquece-se que a tecnologia não pode ser um fim, mas sim o meio. As cidades inteligentes têm imposições que superam a eficiência, a mobilidade e a sustentabilidade, e mesmo as plataformas digitais. Falamos das pessoas! É preciso criar valor para fixar!

Portugal tem evoluído muito e está a conseguir dinamizar um cluster virado para as cidades inteligentes, com um grande potencial de internacionalização. Mas, muito mais do que o aparato tecnológico, tem-se debatido a dimensão de “resiliência” como fator decisivo de “inteligência” urbana, fazendo face às necessidades de inclusão social, contrariar a gentrificação e a infoexclusão, melhor e mais universal acessibilidade, resistência, adaptação e ação em situações de “crise” económico-social, ou de emergência da mais diversa natureza.

«É notório que Portugal está a ficar mais “smart”, mas é preciso mais! Talvez o que nos falte, mais do que “cidades Inteligentes” seja “Inteligência nas cidades”!», afirma José António Lopes, arquiteto e CEO do gabinete de arquitetura ad quadratum arquitectos e também coordenador de programas de cooperação/ferramentas de financiamento.

 

MELGAÇO E MANGUALDE: EXEMPLOS DE BOAS PRÁTICAS

José António Lopes, enquanto coordenador do grupo de trabalho do Re-grow City Urbact em Melgaço, participou na Semana Europeia das Regiões e Cidades 2021.

Melgaço, integrado na rede Re-Grow City, orientada à ação de combate a processos de declínio prolongado de centros urbanos, foi o anfitrião de um workshop sobre estas temáticas. O evento teve uma expressiva participação por parte das muitas autoridades urbanas europeias, locais e regionais, bem como de toda a comunidade técnica e científica. O fórum, designado “Citizen led initiatives that revitalise the centre of smaller towns and cities”, assumiu-se como o momento certo para consciencializar que as pequenas cidades e vilas, autoridades urbanas com menos de 50.000 hab., representam a maioria da população europeia e assumem uma não suficientemente reconhecida importância e merecida atenção, sentindo-se a necessidade de apresentarem estratégia conjunta.

Melgaço foi reconhecido pela excelência do desempenho no âmbito do programa URBACT, demonstrando a sua inteligência na abordagem de uma problemática que afeta toda a Europa: a desertificação do centro das Vilas. Integrou uma rede que desafiava os locais a abrir lojas pop-up revitalizando o comércio.

O trabalho conjunto desenvolvido apresentou resultados incontornáveis no relançamento da vida urbana, seja na dinamização do tecido comercial/económico, mas também na reanimação do espaço público (onde na requalificação a autarquia tem empreendido grandes investimentos).

Dois anos e meio após o início deste inovador programa, 15 projetos foram incubados: oito estão agora como lojas definitivas e três ainda estão sob o regime do programa, sendo que dois irão passar a definitivas também.

Os municípios têm de recorrer aos fundos comunitários que Bruxelas disponibiliza para alavancarem os seus territórios. «Os autarcas reclamam e apontam a falta de critérios justos na distribuição dos fundos comunitários que o Governo português gere, mas são incapazes (salvo honrosas exceções) de fazerem candidaturas a programas geridos diretamente pela CE e que estão disponíveis a todas as regiões da Europa, mas que Portugal ignora!», atenta José António Lopes.

Mangualde é o único município num projeto europeu de formação para a indústria automóvel do futuro: DRIVES – DEVELOPMENT AND RESEARCH ON INNOVATIVE VOCATIONAL EDUCATIONAL SKILLS. O projeto contempla quatro milhões de euros, dos quais cerca de 600 mil euros vão chegar a Portugal, trazidos por um consórcio criado pela Câmara Municipal de Mangualde, onde se integram a Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal, Grupo Antolín, Instituto Politécnico de Viseu, Universidade do Minho, IDESCOM e Eupportunity.